terça-feira, 8 de março de 2011

Para a irmã que não tive.




Querida irmã,

A sensação do tempo escapou-me pelos desvãos das telas que nos interligam. Muitas vezes, cá estive, e minhas mãos emudeceram. A paralisia momentânea tem lá suas razões.

Hoje, lembrei do Zézim de CFA. Não estou perto do mar, respirando a maresia e carimbando pegadas nas areias de um litoral. Caminho pelo deserto do quadrado deste quarto, numa tarde cinza, sobre um lençol rosa (acredite!). Alinhavo palavras soltas, feito pipas que liberto pela janela do meu olhar.

Penso tanto em ti, na cumplicidade implícita que envolve os seres que habitam o universo e nos laços invisíveis que enfeitam a solidão e desamparo diário. Converso intimamente com sua alma... que sinto tua mão tocando a minha, num gesto de misericórdia secreta. 

Nos momentos de desespero, apareceu outra mão. Sem nome e existência corpórea. Uma vez só e nunca mais. Penso que foste tu, doce irmã. Penso, porque preciso aproximar o divino ao humano, de tal forma, que muitas vezes a minha vida poderá estar, neste momento, nas mãos de quem não soube o que fazer com ela, ou tão pouco, saberá escutar o coração que pulsa nela. Eu penso, que penso, mas muitas vezes sinto, que assim fôra. 

Ainda deste modo, escrevo-te. Porque deste deserto quadrado, da miséria humana, ainda existe algo divino que insiste em sobreviver em nome de alguma coisa que chamamos de: Amor.

Beijos a pequena (?) Bé. Lembranças ao cunhado. 

A voce, um pedaço do meu pão que também é teu.

Com saudade.

Um comentário:

  1. Dizer-te que, depois que minha vida esbarrou na tua, minha respiração suavizou e se tornou macia mesmo diante de ataques de asma é pouco. Que quando estamos juntas meu coração espalha todos o brinquedos pelo chão também ainda é pouco. Assim então o que posso te dizer? O que me acalma é escutar tuas paisagens de campos de trigo pelo teus caminhos. Ontem te disse que não havia palavras para mostrar o que tenho aqui para te dar, minha irmã. Ah, meus pés andam descalços e não se ferem quando contigo estão e teu amor por mim me ouve e me cura.

    para sempre tua amiga

    Fabiana Zézim também tão longe do mar.

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Um albatroz disse