segunda-feira, 2 de julho de 2012


E seria cruel demais para mim lembrar agora
que cheiro era esse, aquele, bem na curva
onde o pescoço se transforma em ombro,
um lugar onde o cheiro de nenhuma pessoa
é igual ao cheiro de outra pessoa.

Caio F. Abreu in “Os Dragões não Conhecem o paraíso”.

terça-feira, 12 de junho de 2012

 
Se quiser ser feliz, dê instruções para iludir seu relógio, deixe as cortinas cerradas e ache graça no reflexo roxo que ela faz na parede branca. Renda-se ao arrepio, ao sorvete de flocos como café da manhã e chore. De rir. Só para variar o...s tempos. Fale de pinguins, alimentos azuis, castanhas na brasa e pintas novas espalhadas pelo corpo. Encha a banheira até transbordar e lá dentro despeje meio litro de água de flor de laranjeira. Dizem que é para aromatizar mingaus, mas quer coisa mais doce e aveludada que a tua pele? Quebre três copos para abrir os trabalhos, coloque Katia b – Só deixo meu coração na mão de quem pode – para tocar e dance usando apenas roupão japonês de seda falsa, porém quase tão boa quanto a original. Não faça planos e nem aceite pedidos, mas aproveite a boca, a língua, o gosto. Permita que o vento remexa no emaranhado destes teus cabelos e que ele se esconda debaixo da tua saia para fugir do mundo. Esqueça que foram negros tempos, que descobriste um potencial de dor antes desconhecido, que só há moedas na tua bolsa e que há quem escolha a falsa paz no lugar da espada. Quem quer ser feliz, é. Simples assim. O que fica entre uma coisa é outra é um rio de água barrenta, fria, com sangue-suga rodeando as pedras cheias de arestas afiadas. Mas te garanto que nem dói tanto assim passar por ele. Do outro lado da borda vais estar com arranhões que cicatrizam com dois beijos e um frio que passa já nos primeiros raios de sol. O mais difícil é decidir. Mas hoje é a sexta 13 do ano do fim do mundo. Que sejam iniciadas as comemorações. Os cavalos marinhos estão a postos.

Cristiane Lisboa

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A história de uma mulher criança que escrevia poemas com o olhar


Apareceu vinda dos sonhos.

Cruzou-se comigo um dia por acaso naquela terra do nunca onde as paixões acontecem na troca de um olhar onde vivem milhares de fantasias que se abraçam como se fossem duas folhas de um só poema a fazer amor.

Assim apareceu Pipa.

- Deixem que me apresente. O meu nome é Pipa mas não gosto que me chames Pipa. Talvez gostasse de ser chamada de Pipinha, mas apenas por ti, porque Pipinha é demasiado piegas. Eu não sou piegas. Quer dizer, às vezes até sou, mas só gosto de coisas piegas quando toca a assuntos do meu coração e como tal só quem vive dentro dele pode partilhar fantasias de uma criança mulher.

Pipa tem os olhos verdes a pele branca e macia, habita no vale sedoso de uns lençois de magia, onde mistura o amor de mulher com as fantasias e as brincadeiras de criança. Vibra com a primeira música que conheceu quando saiu do seu canto. O paraíso do olhar que resplandece aquele brilho apelativo dos abraços fortes e sentidos, que não se podem descrever nem muito menos escrever.

Passeia-se com as mãos nas ancas e sorri envergonhada quando lhe peço um sorrisinho.

Pipa, essa menina que um dia, por acaso, cruzou-se comigo naquela terra do nunca onde as paixões acontecem na troca de um olhar onde vivem milhares de fantasias que se abraçam como se fossem duas folhas de um só poema a fazer amor. A escritora de poemas simples vasculhados na sua musicalidade. A menina dos poemas curtos, expoentes de pequenos mimos e ambições.

- Vamos achar uma coisa?

- Vamos achar uma coisa como?

- Achar uma coisa no chão. Há muito tempo que não acho uma coisa no chão. Fico feliz quando acho uma coisa no chão.

Também, tal qual Pipa, também eu me sinto feliz com essas pequenas surpresas. Os pequenos grandes momentos felizes, parece que estamos a chegar longe em passos pequenos.

Pipa foi embora. Desapareceu como aparecera. Deixei de a ouvir dizer; "fala comigo... tenho fome" - com voz terna e melodiosa, sempre a dois passinhos do sono.

Uma destas manhãs, de novo a sós com as ruas frias da cidade, encontrei uma coisa no chão. Era um cronometro.

Um sinal, talvez, pensaria Pipa.

O sinal de que agora tudo corria contra o tempo. Que passa amarguradamente devagar mas quando abrirmos os olhos, ficará apenas a recordação dos instantes felizes e especialmente...

daquele dia que por acaso, naquela terra do nunca, onde as paixões acontecem na troca de um olhar onde vivem milhares de fantasias que se abraçam como se fossem duas folhas de um só poema a fazer amor.

Pipa foi embora e não voltou.

Mas todas as noites chega o seu sorriso que a pedido me leva a voar de mãos dadas pela noite.

As mãos soltaram-se e Pipa foi-se embora. Regressa todas as horas do meu dia, entre sorrisos marcados no meu pensamento e melodiosa parece querer-me dizer que tudo foi apenas um sonho e todos os sonhos acabam um dia.

Desta vez, foi Pipa que escolheu voar.

por Nuno Teixeira



domingo, 27 de novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Aqui & Aí



Jazz & Blues - Arco na Íris

Tango & Bossa New - Deliriu Αγνή

Valsa & Salsa Nós - Emboscada

Merengue & Minuetos - Cá dedos

Rock &Flamenco Rubro and Roll

Carne Etc & Tal