sábado, 26 de fevereiro de 2011

Das exposições.


Para ver as minhas cicatrizes e ouvir meu coração é preciso pagar ingresso. Nada disso é uma comemoração.


Efraim Reyes 

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O sistema só-lar.

No absoluto do seu silêncio, a mulher consegue alcançar as estrelas que queimam no espaço. 
Compadecida com tamanha solidão, oferece seus sonhos solidariamente às labaredas em despedida póstuma.
Aduba o céu e colhe o brilho diário e fulgaz da sua existência.
Deita os cabelos no esteio e devora o sal da sede que nasce de dores indizíveis.
Enrijece o corpo, simulando a postura padrão da morte.
Segura a mão num gesto de misericórdia íntima.
Fecham-se os olhos em busca de uma paz prometida.
No escuro particular, escalda as mortalhas e planta uma bandeira discreta.
Tremulando sob os suspiros, contempla a vastidão das casas habitadas por homens que jogam jogos e mulheres que jogam comida nas panelas.
Crianças apressadas, levantam poeira alada nas trilhas que cortam a floresta.
Trens carregam pedras e estátuas infantis brotam no meio da mata gargalhando ventos.
Animais empuleiram-se nos galhos dos braços inquietos e febris.
Rios sinuosos cortam as pedras do seio em botão de uma delas.
Nasce uma mulher...
Goteja uma água-viva em teu peito, marcando para sempre a certeza de que nasceu só, para inventar histórias que nunca existiram. 
Arranha o ceú e geme feito a estrela que morre de brilhar em silêncio.