segunda-feira, 19 de julho de 2010

Drummondiana


Num suspiro tímido, guardo nos quintais de mim as histórias que não vivenciei por circunstâncias além dos limites de meus territórios secretos. A sensação é que tudo aqui é mais bonito e faz todo o sentido.

Nos campos que me habitam, colhemos flores e depositamos em formigueiros. Observamos em silêncio a procissão à caminho do esconderijo nas sarças de capim. Feito mágica, elas desaparecem e nossos olhos se encontram, sorriem.

Levantamo-nos em direção às borboletas sobrevoando as nuvens que podem ser tocadas com os pés. Caminhamos decalços e já não me importo com o vento que esvoaça meu vestido e cílios, carregando-nos pelos cabelos em direção ao infinito.

No varal, penduramos todo tipo de adereço até descobrir onde está a outra ponta. Quando nos damos conta, percorremos um caminho que nunca existiu e que nos leva ao pôr de sol no meio dos seios de uma montanha.

Adormecidos, os dedos se entrelaçam e os corpos se unificam. Respiramos os mesmos sonhos e enfeitamos nosso encontro com botões delicados de não-te-esqueças-de-mim.

Nosso jardim, nosso jardim... que de tanto plantar, já não me interessa sair daqui. E tudo que me brota ainda é vivo e belo. E tudo que colho é apenas o que acredito. Acato o que o Diabo me mandou e agradeço o que Deus me reservou; amar e calar.

Me deixe aqui e estarei em paz.

2 comentários:

  1. Vi teu pefil lá na comu do Quintana.
    Acabei parando aqui e li seus textos...
    Este em especial me parece um presente guardado na alma. Ofereça, alguém há de querer.

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Um albatroz disse